Modelo hospitalista representa menor tempo de internação e garante maior número de admissões e saídas na instituição
Desde o mês de novembro do ano passado, a Medicina Hospitalar é realidade no atendimento prestado aos pacientes internados no Hospital Estadual de Vila Velha (HESVV). A instituição 100% SUS pertence à rede pública do governo do Espírito Santo e é uma das contempladas com a implementação do modelo hospitalista. E lá os resultados já têm feito a diferença na assistência prestada.
>> Confira sobre a parceria inédita entre a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH) e o Governo do Espírito Santo

De acordo com o relatório do mês de abril e apresentado pela SOBRAMH aos gestores do HESVV, de novembro de 2020 a março deste ano houve uma redução de 70% no tempo médio de permanência dos pacientes internados. Isso significa que, no primeiro mês de vigência do projeto, cada pessoa ficava cerca de 20 dias ocupando um leito na instituição. Hoje, não passa de seis dias.
Outro dado apresentado pela SOBRAMH no Hospital Estadual de Vila Velha também impressiona. Em novembro, quando iniciou o projeto, foram registradas 61 entradas de novos pacientes, assim como 41 altas hospitalares. Já no mês de março, foram 168 admissões e 152 saídas. O que mostra um crescimento de 175% no número de pacientes que puderam ser assistidos e 270% a mais que voltaram para as suas casas.
Além disso, nesse mesmo período, as altas realizadas nos finais de semana tiveram um aumento de 30%. Um dado que aponta para uma maior resolutividade dos casos também nos sábados e domingos.
O médico tutor do projeto da SOBRAMH, Fabrício Fonseca, explica que tais índices representam que a mesma vaga passa a ter a capacidade de receber novos pacientes. Ou seja, mais pessoas podem ser atendidas no hospital que está localizado no segundo maior município do Espírito Santo, o qual viu os casos de Covid-19 dispararem no mês de março na região Metropolitana, assim como em todo o Estado.
Ele reforça que esse aumento de pessoas que passaram a ser internadas e as que deixam o hospital é reflexo direto da Medicina Hospitalar. “A Medicina Hospitalar tem como objetivo garantir a otimização de todos os processos e fluxos hospitalares, oferecendo um saúde de qualidade com melhores indicadores assistenciais e de recursos. E o Hospital Estadual de Vila Velha está vendo de perto o que o modelo é capaz”, afirma.
Pacientes de longa permanência
O médico consultor da SOBRAMH junto ao hospital, Altemar Paigel, salienta a melhora de mais um indicador. Segundo ele, o modelo assistencial hospitalista conseguiu reduzir a taxa de longa permanência, que ser refere casos que precisam ficar internados mais de 15 dias na instituição.
A partir do trabalho da SOBRAMH no Hospital Estadual de Vila Velha, foi verificada uma queda de 34% para 9% no número desse perfil de paciente. Fato que implica, de forma direta, na economia de materiais e exames em um dos doze hospitais que fazem parte da rede pública estadual do Espírito Santo.
“A presença de tantos indicadores positivos é fruto da melhoria contínua do processo assistencial associado à avaliação de desempenho, um dos pilares do modelo de Medicina Hospitalar. Isso atrelado ao processo de desenvolvimento das equipe através da avaliação individual para o aperfeiçoamento do processo”, evidencia Altemar.

Mudança cultural
Daniela Damasceno, responsável técnica do HESVV, afirma que o modelo vem trazendo uma visão muito positiva da assistência, ao aproximar muito mais a equipe do paciente. “Eles conseguem desenvolver o pensamento de que o paciente está aqui para que a gente consiga resolver o problema no tempo certo, para que a internação dure o mínimo possível, bem diferente da assistência que vinha acontecendo ao longo dos anos”, conta.
A gestora ressalta que isso se traduz na forma como ocorre o tratamento, com objetivos bem definidos por meio do plano terapêutico. Dessa forma, toda a equipe se envolve para garantir a melhor qualidade de assistência baseada na segurança do paciente.
De acordo com Daniela, “a Medicina Hospitalar é uma mudança de cultura que traz muitos benefícios tanto para os pacientes quanto para as instituições. Fica claro que aqueles casos sob os cuidados da equipe hospitalista têm uma resolutividade maior. Assim como as coisas que antes demoravam a ser resolvidas, hoje recebem respostas mais rápidas. E isso traz uma alta mais segura aos pacientes”.
Ela ainda destaca que o cenário atual também reflete na atuação dos profissionais envolvidos, que se sentem mais confiantes para fazerem o seu trabalho. “Vemos a maior rotatividade dos pacientes, pois conseguimos dar alta de forma mais rápida. Por isso, se percebe que um setor tem Medicina Hospitalar e outro não, devido a melhor utilização do leito”, assegura. Confira o vídeo com o depoimento de Daniela:
Cuidado centrado no paciente
O médico Fabrício Prado Monteiro integra a equipe hospitalista do HESVV e tem acompanhado os impactos positivos da implementação da Medicina Hospitalar. Segundo ele, “os reflexos são imensuráveis, pois se consegue observar no trabalho muitos pontos chaves que garantem o sucesso no plano terapêutico, desde o ingresso, passando pela estadia e chegando na alta hospitalar”.
Para falar sobre o antes e o depois do projeto, ele aponta que a assistência prestada oferece maior respaldo a quem busca o hospital. “Percebe-se que o modelo contribui para diminuir a fragilidade do paciente e sua angústia em relação ao cuidador e a sua internação. A partir de uma interlocução mais frequente entre médico e paciente, isso ajuda de sobremaneira na eficácia do tratamento e no pós-hospitalar”, relata.

Integração entre os profissionais
Fabrício também destaca a maior integração entre toda a equipe, fazendo com que a comunicação se torne mais eficiente tendo os cuidados centrados no paciente. De acordo com o médico, “a Medicina Hospitalar nada mais é do que colocar o paciente no centro da ação. Assim, fazendo com que ele tenha, realmente, uma ação primordial para o seu cuidado”.
Essa integração também é o que chama a atenção do médico consultor da SOBRAMH, Altemar Paigel. De acordo com ele, a evolução da equipe dentro da metodologia hospitalista merece destaque. “Podemos perceber uma excelente interação do Serviço de Medicina Hospitalar com a equipe multidisciplinar. Fundamental nessa fase de consolidação em que se encontra o projeto”, diz.
Ele ainda lembra que o apoio e presença constante da gestão, uma das marcas do projeto no Hospital Estadual de Vila Velha, teve papel importante para o sucesso do modelo implementado. “Todos sempre estiveram abertos aos processos de melhoria e os resultados dessa parceria são surpreendentes”, revela Altemar.
E tudo isso é motivo de muito orgulho para a SOBRAMH e a equipe envolvida nesse trabalho pioneiro no país!
Conheça a equipe do Serviço de Medicina Hospitalar do HESVV:
- Médico supervisor: Leandro Feliciano;
- Médicos: Fabrício Prado, Gabriela Lordello e Lorena Baião;
- Enfermeiros: Bárbara Kuster, Elry Nickel e Flávio Alves.