Eles participam do curso que vai formar supervisores do modelo em quatro hospitais estaduais
A Medicina Hospitalar vem sendo discutida no Brasil há quase duas décadas. Mas foi em 2007, com a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH), que o modelo passou a ser difundido em todo o país. Assim, chamando a atenção para o que representa a Medicina Hospitalar com foco na horizontalidade do cuidado e na segurança do paciente.
De lá pra cá, a caminhada tem sido para fortalecer o modelo entre médicos e gestores. Sempre mostrando como é possível otimizar a assistência e reduzir custos, sem deixar de lado a qualidade assistencial.
E no ano de 2020, o modelo hospitalista está sendo uma estratégia poderosa no combate ao novo coronavírus. Em meio à pandemia e a crise global na saúde, a Medicina Hospitalar se consolidou com a melhor opção diante da urgência por mais eficiência dos leitos hospitalares. Foi assim que os olhos da saúde pública estadual do Espírito Santo se voltaram para a Medicina Hospitalar.
Desde o final de outubro, cerca de 40 profissionais, entre médicos e enfermeiros, dos hospitais Dório Silva (Serra), Sílvio Ávidos (Colatina), de Vila Velha e do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (Vitória), estão conhecendo de perto os objetivos e como se dá a implementação do modelo assistencial em suas unidades.
Eles também participam do curso de formação de supervisores de Medicina Hospitalar e vão atuar nos quatro hospitais que fazem parte do termo de cooperação técnica assinado pela Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em conjunto com a Secretaria Estadual da Saúde (SESA).
>> Entenda o que é a parceria firmada para garantir a implementação da Medicina Hospitalar no ES
O que representa a Medicina Hospitalar
Apesar do entusiasmo por novas perspectivas na assistência, para muitos profissionais que participam da capacitação o modelo e o que representa a Medicina Hospitalar ainda é um universo pouco conhecido.
É o caso da médica Lorenna Baião Vieira, especialista em Medicina de Família e Comunidade. “O conceito de medicina hospitalar é relativamente novo para mim. Apesar de ter professores horizontais nas enfermarias durante a faculdade, não se falava sobre o tema”, relata.
Situação semelhante é a da enfermeira Walkiria Hoffmann Bermond, responsável técnica pelo Sistema de Gestão da Qualidade da SESA. Ela apenas havia entrado em contato com o modelo por meio de leituras. Sendo assim, afirma que a Medicina Hospitalar tem chamado a sua atenção.
De acordo com Walkiria, “vejo como algo totalmente empoderado e com força estratégica e operacional para uma mudança de atitudes e de visão, com mais clareza e foco”, afirma. A enfermeira é especialista em Cardiologia, Segurança do Paciente, bem como na Consultoria em Acreditação em Saúde.
Da mesma forma, a médica Lorenna, vê na expansão do conhecimento sobre a Medicina Hospitalar ponto fundamental para transformar o aprendizado em práticas que garantam melhorias para os pacientes. “O projeto é um marco inicial na qualificação da rede hospitalar. Pois é de grande importância para o paciente a melhoria na qualidade do serviço oferecido. Com certeza, irá refletir na rede pública como um todo”, destaca.
Equipe multidisciplinar com foco no paciente
Thiago Zacharias Ribeiro dos Santos já conhecia o modelo hospitalista e está motivado com o aprendizado. “Estou adorando o curso, muito rico em informações atuais e direcionado ao paciente”, afirma o enfermeiro pós-graduado em transplantes pelo Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Ele acredita que o modelo vai contribuir muito ao que tem sido realizado, com diminuição de custos e aumento do poder de gestão. “Vejo a enfermagem imprescindível para realizar esse projeto. Uma vez que tudo passa pelo enfermeiro, desde a ligação da equipe com médico até a atenção de todos ao paciente, em um trabalho dinâmico multiprofissional”, diz.
E essa atuação multiprofissional também é destaque na visão de Lorenna. Segundo ela, “a oportunidade de acompanhar o paciente durante todo o período de internação hospitalar, em conjunto com uma equipe multidisciplinar, busca humanizar o cuidado. Reduzindo riscos para o paciente, melhorando a qualidade do serviço e tornando todo o processo mais efetivo”.
O médico imunologista clínico e pediatra, Fabrício Prado Monteiro, acredita que esse também é um fator de destaque no modelo. “É a multidisciplinaridade e integralidade para com o paciente, o colaborador e instituições envolvidas”, salienta.
Para ele, são os pilares de valorização do paciente que tornam a Medicina Hospitalar indispensável. “A implementação, além de sustentável é necessária para a saúde pública e privada do Espírito Santo, para não dizer do Brasil”, fala.
Novas práticas
De acordo com a enfermeira Rubenilda Gonçalves Bertuani, que atua na gestão hospitalar da SESA, o modelo vai contribuir em muito na assistência hospitalar. “Ele muda todo o cenário, com novas práticas e métodos assistenciais para que possamos garantir o giro de leito, oferecer tanto uma assistência de qualidade como segurança ao paciente”, destaca.
Ela ainda cita o lado administrativo da unidade hospitalar, que também é contemplado com a implementação da Medicina Hospitalar. “Temos que rever custos para manter equilibrado o custo-benefício de toda uma logística do hospital, buscando soluções sem acarretar riscos na organização”.
Para ela, a busca por esse equilíbrio, entre gestão e assistência dentro da complexa organização hospitalar, é o que mais desperta o seu interesse pelo que representa a Medicina Hospitalar. “Nesse cenário, não existe o mais ou menos importante. Portanto, todos precisam estar envolvidos dentro do seu campo de atuação para fazer a engrenagem rodar. Visando sempre o bem-estar daquele que depende de nós, que é paciente, explica.
E a enfermeira continua: “Mas não podemos esquecer a visão de uma unidade hospitalar que precisa ter todo um nível de entendimento, de logística e administração, para poder enfrentar os desafios do mercado. Além disso, fazer acontecer a nossa principal função, que é de salvar vidas”.