Psiquiatra afirma que campanha é fundamental para alertar sobre saúde mental e romper preconceitos
O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Uma data que integra as ações do Setembro Amarelo, campanha promovida desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Mas por que devemos falar sobre suicídio?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, todos os anos são registrados 12 mil casos no Brasil. Já no mundo, o número ultrapassam um milhão. Realidade que, a cada ano, contabiliza mais mortes, a maioria de jovens. Além disso, as estatísticas apontam que cerca de 96,8% dos casos de suicídio tem relação com transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, em segundo lugar o transtorno bipolar e abuso de substâncias.

ENTREVISTA
Por isso, a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH) acredita que abordar o tema é fundamental para fortalecer a campanha junto à comunidade. Portanto, a entidade convidou a psiquiatra Roberta Grudtner para conversar sobre saúde mental e o suicídio, ainda considerados tabu entre as famílias e a sociedade.
“Além do tabu, se observa o preconceito, o que dificulta muito a busca de ajuda”, afirma a médica que atua junto à Secretaria de Saúde do RS (leia abaixo).
FOCO NO PACIENTE
O vice-presidente da SOBRAMH, Enilson Moraes, ressalta que entre protocolos realizados pelos médicos hospitalistas está o de prevenção ao suicídio no ambiente hospitalar. De acordo com ele, os profissionais podem detectar a fragilidade psíquica não somente pelo histórico do paciente, mas também pelos sinais apresentados.
Nesse momento, entra em ação toda a equipe multidisciplinar, como a enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e os psicólogos. Assim é possível alinhar as medidas e evitar o agravo da situação. “Ele pode tentar novamente o autoextermínio. Por isso, o momento em que o médico hospitalista dispara o protocolo é crucial para que o paciente não tente algo contra si ou contra o outro”, afirma.
👇 Confira a entrevista!
SOBRAMH – Que grupo de pessoas estão mais suscetíveis aos pensamentos sobre suicídio?
Roberta Grudtner – Pensamentos de morte, morrer e querer se matar podem estar presentes em até 16% da população adulta. Já em adolescentes foi observado que em 36%. Entretanto, a persistência da ideação suicida, associada à busca de informações quanto à métodos e planejamento está ligada à taxas imprecisas.
Salienta-se que transtornos mentais e comportamentais estão presentes em 98% dos casos de morte por suicídio.
Além do mais, outro dado importante e bastante prevalente é visto em portadores de dor crônica. O risco de morte por suicídio, nestes casos, é o dobro da taxa da população em geral.
S – Por que os jovens são um dos principais focos da campanha?
RG – A morte por suicídio é a segunda causa de óbito na faixa de 15 a 44 anos, em países desenvolvidos. E no Brasil é a terceira causa de morte nessa faixa etária. Portanto, consideramos um problema de saúde pública.
S – Em tempos de Covid-19 e quarentena, podemos dizer que falar sobre prevenção ao suicídio é mais do que importante?
RG – Com certeza. Isso porque é estimado o aumento entre 5% a 15% nas taxas. Onde fatores financeiros (recessão/desemprego) associados à fragilidades psíquicas e a falta de assistência em saúde mental são observados como importantes fatores de risco.
S – E como podemos cuidar da nossa saúde mental? Por que ela ainda não é pauta obrigatória na nossa rotina?
RG – Falar de saúde mental integral é imperativo para prevenção da morte por suicídio. Isso porque saúde mental implica integralidade na assistência. Ou seja, promoção e proteção da saúde (hábitos e estilo de vida), diagnóstico precoce (no aparecimento de sintomas e/ou alteração do comportamento – ter acesso à avaliação médica é fundamental). Bem como estabelecer o tratamento adequado e embasado em evidências cientificas.
Mas, cabe ressaltar que a pauta cuidar da saúde é um desafio diário. Por exemplo, atividade física regular (150min/sem), ingestão de água (2l /dia), repouso adequado, entre outros. Por fim, estratégias de prevenção efetivas devem ser sistematizadas por meio de programas desenvolvidos por gestores em saúde e sociedade.
E cada um de nós pode auxiliar na prevenção com as seguintes ações:
1) Se você tem a impressão que seu familiar, amigo ou conhecido está estranho, pergunte.
2) Se a pessoa trouxer pensamentos de morte, morrer ou se matar, ouça com empatia e compaixão.
3) Influencie, diga que não é algo normal pensar nisso e que. Apesar de não saber o que está acontecendo, você acredita que buscar avaliação médica é necessário.
4) Ausência de julgamento é importante (veja ilustração).
5) “Grude” na pessoa, ajude a agendar avaliação. Além disso, levo-o à emergência, esteja junto para informar ao médico detalhes que, muitas vezes, aquele que está em risco não tem força sequer para revelar.
Com certeza, ações como essas salvam vidas!
Tirou a minha duvida, parabens pelo artigo, me ajudou
muito.
Que bom que podemos ajudar! Agradecemos o comentário e um grande abraço!
Obrigado